O neurinoma do acústico bilateral é uma condição rara, representando cerca de 5 a 10% dos casos de neurinoma do acústico, e está fortemente associada à neurofibromatose tipo 2 (NF2), uma doença genética autossômica dominante. A epidemiologia mostra que esse tumor benigno do nervo vestibulococlear, responsável pela audição e equilíbrio, é diagnosticado geralmente entre a quarta e quinta década de vida, podendo resultar em perda auditiva progressiva, zumbido e desequilíbrio. A incidência global do neurinoma do acústico gira em torno de 1 a 2 casos por 100.000 indivíduos por ano, sendo o bilateral mais raro e ligado a mutações genéticas específicas.
Quanto ao tratamento, existe uma abordagem individualizada que considera o tamanho do tumor, sintomas, idade e condição clínica do paciente. O “wait and see” ou monitoramento ativo com exames de ressonância magnética periódicos é recomendado para tumores pequenos e assintomáticos, especialmente em pacientes idosos ou com condições clínicas que contraindiquem cirurgia. A microcirurgia é indicada para tumores maiores ou em crescimento, oferecendo a possibilidade de cura ao remover o tumor, mas envolve riscos significativos dada a proximidade de estruturas nervosas essenciais.
A radiocirurgia estereotáxica, como o Gamma Knife, é outra opção terapêutica eficaz para controlar o crescimento do tumor, especialmente para pacientes que não aceitam cirurgia ou têm elevado risco cirúrgico. Essa técnica minimamente invasiva possui alta taxa de sucesso na estabilização do tumor e menor risco de complicações comparada à cirurgia aberta, mas geralmente não reduz o tamanho do tumor. A escolha entre cirurgia, radiocirurgia e monitoramento depende de uma avaliação multidisciplinar detalhada.
Em suma, o neurinoma do acústico bilateral exige atenção especial devido à sua associação com a NF2 e os desafios no manejo clínico. O diagnóstico precoce e o acompanhamento rigoroso são essenciais para preservar a audição e a qualidade de vida dos pacientes. A estratégia de tratamento deve sempre ser individualizada, levando em conta o equilíbrio entre os benefícios e riscos das intervenções disponíveis para otimizar os resultados clínicos.