• Formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
  • Residência de Neurocirurgia na Santa Casa de Belo Horizonte.
  • Fellow em Radiocirurgia e Neurocirurgia Funcional pela Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) EUA.
  • Neurocirurgião do Corpo clínico do Hospital Sirio Libanês e Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
  • Autor do Neurosurgery Blog
  • Autor de 4 livros
  • Colaborador na criação de 11 aplicativos médicos.
  • Editor do Canal do YouTube NeurocirurgiaBR
  • Diretor de Tecnologia de Informação da Associação Paulista de Medicina (APM) 
  • Delegado da Associação Médica Brasileira (AMB)

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Malformação Arteriovenosa (MAV) Talâmica.  Dr. Julio Pereira – Neurocirurgião São Paulo – Neurocirurgião Hospital Sírio-Libanês

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A Malformação Arteriovenosa (MAV) Talâmica é uma lesão vascular complexa e de localização profunda, caracterizada por um emaranhado anormal de vasos (nidus) onde artérias e veias se conectam diretamente, sem a intermediação de uma rede capilar. Situada no tálamo, uma estrutura vital do diencéfalo responsável por retransmitir impulsos sensoriais e motores, essa patologia representa um desafio neurocirúrgico significativo. Devido à ausência de capilares para dissipar a pressão sanguínea, o fluxo arterial de alta pressão é descarregado diretamente nas veias, criando um ambiente hemodinâmico instável e propenso a dilatações venosas ou aneurismas intranidais.

Clinicamente, a apresentação mais temida da MAV talâmica é a hemorragia intracerebral, que tende a ser mais frequente e devastadora em lesões profundas do que em superficiais. A ruptura pode levar a déficits neurológicos súbitos e graves, incluindo hemiparesia, perda sensitiva profunda (hemi-hipoestesia) e alterações no nível de consciência devido à compressão do sistema reticular ativador ascendente ou extensão do sangramento para os ventrículos (hemorragia intraventricular). Em casos não rotos, os sintomas podem ser mais insidiosos, manifestando-se através de cefaleias crônicas, crises convulsivas ou déficits progressivos decorrentes do “roubo de fluxo”, onde o tecido cerebral adjacente sofre isquemia relativa.

O diagnóstico definitivo e o planejamento terapêutico dependem de uma investigação radiológica minuciosa. A Ressonância Magnética (RM) é fundamental para avaliar a relação anatômica da lesão com as estruturas talâmicas e capsulares adjacentes, mas a Angiografia Digital Subtraída (DSA) permanece o padrão-ouro. A angiografia permite mapear a angioarquitetura da lesão, identificando as artérias aferentes (geralmente ramos perfurantes profundos, como as artérias tálamo-perfurantes) e o padrão de drenagem venosa, que frequentemente se dá para o sistema venoso profundo (veias cerebrais internas ou veia de Galeno), um fator que eleva a graduação na escala de Spetzler-Martin e agrava o prognóstico.

O tratamento das MAVs talâmicas é altamente individualizado e frequentemente multimodal, devido à “eloquência” da área e à dificuldade de acesso cirúrgico direto sem causar danos colaterais. Enquanto a microcirurgia para ressecção completa é muitas vezes considerada de risco proibitivo para lesões puramente talâmicas, a Radiocirurgia Estereotáxica (como Gamma Knife) desponta como uma opção primária para nids de pequeno a médio volume, visando a obliteração gradual da lesão ao longo de anos. A Embolização Endovascular pode ser utilizada como adjuvante para reduzir o fluxo da lesão ou tratar aneurismas associados, mas raramente é curativa isoladamente. Em muitos casos assintomáticos, a conduta conservadora com monitoramento rigoroso pode ser a opção mais prudente, ponderando-se sempre o risco natural de sangramento versus os riscos de intervenção.